O que é realmente ser um empreendedor

Vejo muita gente querendo ser um, dados estatísticos mostram crescimento no número de MEIs no Brasil nos últimos 2 anos. Mas eu pergunto: você tem certeza que quer ser um?

Tenho um negócio próprio há mais de 15 anos, e em muitas oportunidades ouço pessoas criticando e falando negativamente sobre seus empregadores. Isso me coloca pensando:

Se você nunca administrou um negócio próprio, é fácil criticar o empreendedor.

Porém o que é muito mais difícil na real é ser o dono.

Bem, o intuito aqui não é dissuadir ninguém  no objetivo de se tornar um empreendedor ou de  melhor valorizar onde você está trabalhando, mas sim ajudar se possível repensar na decisão de ser um empreendedor.

Vamos lá.

A maioria dos empreendedores não são ricos

Este mês, meu negócio perderá dinheiro e eu o vou manter com minhas reservas pessoais para poder deixar as portas abertas, pagar os colaboradores e cobrir as despesas operacionais. Para ser honesto, estou bem, não estou apavorado. Faz parte do trabalho.

Você pode até achar que isso é incomum, mas na verdade o empreendedor se depara em temporadas que podem durar um mês, um trimestre ou até um ano inteiro perdendo dinheiro. Veja o exemplo recente com a pandemia do COVID19.

Entenda que não se trata de reclamação, é apenas para mostrar uma visão de mundo que muitos parecem fascinados e às vezes não entendem completamente.

Criticar aqueles que se encontram no topo, seja na organização ou numa empresa, hoje é relativamente comum e fácil. Em algumas poderá até haver alguma atitude não desejada entre aqueles que detém o poder. Mas certamente há muita virtude.

Podemos dizer que ser empreendedor é uma vocação honrosa e exige não somente muita responsabilidade, mas persistência e resiliência e muita coragem. Então, antes de tentar iniciar um negócio, pergunte a si mesmo se está pronto para o que isso exigirá de você.

Existem alguns requisitos de trabalho de um grande empreendedor.

Vamos examinar juntos.

Empreendedores assumem os riscos que somente ele correrá, mais ninguém.

Quando penso ou ouço em alguma apresentação a palavra Empresário, lembro de meu pai que se mudou de Sananduva para Erechim em 1952, com suas reservas de trabalho na roça e com ajuda de meu avô para complementar a compra de uma propriedade, iniciou sua jornada empreendedora.

Recém casado e com compromissos a quitar com o Avô, começou uma jornada auxiliando um Tio na construção de casas de madeira, muitas tábuas serradas e muitos pregos foram martelados durante os dias de trabalho.

Na mente após cada jornada, a noite quando a poeira baixava, o sonho de construir um negócio próprio era alimentado.

Após um acidente de trabalho e tendo que deixar temporariamente o martelo de lado, viu a oportunidade de começar a empreender em um comércio de secos e molhados, assim chamado na época.

Ele tinha 26 anos.

Bem, hoje tem uma rua que leva seu nome: José Bernardi “O comerciante”. Era assim que ele com muito orgulho se apresentava.

Penso na minha empresa criada em 2007, quando sai de um emprego estável e carreira promissora, para apostar tudo em uma atividade de digitalização de documentos, direcionada a empresas que necessitavam transformar o volume de documentos físicos em digitais, principalmente ao setor jurídico que vinha experimentando a transformação dos processos físicos. 

Não só tive um corte de ganho salarial muito forte, como também coloquei todo o meu próprio dinheiro restante em uma empresa que muitos criticavam e que duvidavam de possível sucesso.

O trabalho duro e incansável durante mais de 10 anos, foram sendo usados para expandir a empresa e pensar em fazer reservas para novos projetos.

Eu estava bem com isso. Pude entender que parte do trabalho de ser um empreendedor é acreditar na sua visão antes de qualquer outra pessoa. 

Qual a lição aprendida: A recompensa nunca vem sem o risco.

Quem paga os custos é o Empreendedor, ninguém mais. 

Essa afirmação não é para supervalorizar o empreendedor, mas como no início citamos, às vezes nos deparamos com pessoas difamando ou criticando os empresários, afirmando ser posição de privilegiados e muito bom de ser. Não é bem assim, as situações enfrentadas requerem muito estômago, não é tão legal quanto parece.

O empreendedor está sempre envolto em sua visão maior e não está só, na maioria das oportunidades ele envolve outras pessoas e vai fornecendo o meio para esses colaboradores se manterem, enquanto o empreendedor se arrasta e luta para sobreviver.

Você deve ter algum amigo próximo que por motivos vários, tais como períodos de recessão, pandemia ou inflação alta, se deparou com necessidades de renegociar aluguéis atrasados, fornecedores, bancos, impostos atrasados, etc.  Aceita todas as formas para cortar custos, sem antes pensar em demitir um único funcionário. Vimos muitos depoimentos desses empreendedores que a preocupação maior era o seu time. 

A lição maior aqui é pagar os custos que ninguém mais paga e, eventualmente, consiga fazer o que ninguém mais consegue fazer.

Somente empreendedores recebem a recompensa  ninguém mais 

Quando você assume o risco de pagar todos os custos, seja em termos de tempo, dinheiro e esforço, as chances de acabar na linha de chegada são reais, ganhamos a corrida e recebemos então a recompensa.

E é nesse ponto que as pessoas começam a nos olhar e nos atribuir adjetivos como sortudos, privilegiados, entre outros, mas tudo bem. As vezes isso pode até ser verdade, mas não é a história toda. O que normalmente traz até este ponto mais alto é sua vontade de fazer o que deve ser feito quando ninguém ousa fazer. Então quem deve receber a recompensa senão você? 

Quando me volto para aquele início de jornada, constituída a empresa e estabelecida no local escolhido, lembro que era necessário começar a conquistar clientes, dizer ao mercado que ali existia uma empresa com um solução que ajudava a vários segmentos na solução de transformar arquivos de papel em digital. A preocupação era conseguir poder pagar nossos impostos e compromissos de aluguel, condomínio, escritório de contabilidade entre outras.

Mas me lembro também que ao fechar o primeiro ano, já estávamos a pleno vapor. O risco compensou, o investimento inicial valeu a pena. 

Apesar de em muitas oportunidades quando podíamos dizer em ações de networking, o que fazíamos, nosso pitch, ouvimos muitos comentários como “isto não tem futuro”.  Depois de um período e firme na visão que tínhamos e o sucesso sendo alcançado, ficou mais fácil as pessoas acreditarem no que vimos antes de qualquer outra pessoa.

Para a equipe que foi crescendo junto a empresa foi proporcionada a  participação porque valorizamos o risco e o sacrifício deles em permanecer juntos ao longo dos anos. Continuamos com novos projetos, eles comungam com a nossa visão e pagam junto os custos. É assim que funciona, grandes riscos, grandes recompensas.

Todos já aprendemos que se estamos recebendo recompensa é porque nos arriscamos. 

Agora sem pretensão de querer ser o sabe tudo, e por favor não me entenda mal, não faça nada afoito com seu dinheiro, é preciso planejar. As estatísticas mostram que menos de 15% das empresas conseguem enxergar a luz do sol após 10 anos de vida.

Empreendedorismo não é jogo de aposta, não importa quanta literatura, artigos na internet que você encontre e que lhe digam o contrário. Você encontra hoje em entidades como por exemplo o Sebrae, universidades e entidades representativas de empreendedores que oferecem cursos presenciais e online que ajudam na formação para bem conduzir um empreendimento.

Seja esperto com seu dinheiro, se prepare muito, você vai assumir riscos, mas em caso de algum revés as chances de se recuperar serão maiores.

Observe  os grandes empreendedores, além da recompensa obtida com o risco, eles sabem que a recompensa somente acontece quando outros ao seu redor também são recompensados. Generosidade faz parte do jogo. Não pense em somente aproveitar de benefícios de curto prazo que as chances de sucesso podem ser de curta duração.

A melhor forma de sucesso nos seus negócios é trazer junto outras pessoas na jornada com você. Fique rico, fazendo ricas as pessoas junto com você.

Resumindo, muitos riscos e muitas recompensas é nosso entendimento do que é ser empreendedor. 

Devem existir muitas maneiras de fazer isso. Eu gostaria de saber mais e se você que chegou até aqui, e souber, comente, isso ajuda a outros empreendedores que estão no mercado a serem mais sábios e poderem acreditar, mesmo quando ninguém mais acredita.

Celio A. Bernardi

Fundador Boxcis.com

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Autor: BOXCIS

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